Samir Xaud registra chapa única e será novo presidente da CBF

A eleição para a presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) terá chapa única, encabeçada por Samir Xaud, presidente eleito da Federação Roraimense de Futebol (FRF). O candidato reuniu apoio de 23 federações estaduais, inviabilizando que Reinaldo Carneiro Bastos, da Federação Paulista (FPF), inscreva sua candidatura, que precisa de, no mínimo, oito entidades estaduais.

A chapa terá como candidatos a vice-presidentes Flavio Zveiter, ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD); Michelle Ramalho, presidente da Federação Paraibana de Futebol; José Vanildo, presidente da Federação do Rio Grande do Norte; Ricardo Paul, presidente da Federação do Pará; Ednailson Rozenha, presidente da Federação do Amazonas; Rubens Angelloti, presidente da Federação de Santa Catarina; Fernando Sarney, ex-vice e presidente e atual interino; e Gustavo Dias Henrique, presidente da Federação do Distrito Federal.

O mandatário da entidade do DF é um nome ligado a Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e sócio do IDP, parceiro milionário da CBF Academy. Foi Gilmar quem concedeu liminar para que Ednaldo Rodrigues voltasse à presidência após o primeiro afastamento, entre o fim de 2023 e começo de 2024. Da chapa de Samir, Gustavo Dias Henrique, Ednailson Rozenha e Rubens Angelotti foram eleitos em abril, junto de Ednaldo, para o mandato que começaria em 2026 e iria até 2030. Agora, eles serão vices no quadriênio 2025-2029.

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Somente quatro federações não assinaram a candidatura: a de São Paulo (presidida por Reinaldo Carneiro Bastos), a de Pernambuco, a do Mato Grosso e a de Tocantins. Já entres os clubes, Xaud teve apoio de Grêmio, Palmeiras, Vasco e Botafogo (da Série A) e Remo, Paysandu, Athletico e Volta Redonda (da Série B).

Para inscrever-se na eleição, são necessários oito federações e cinco clubes. Reinaldo Carneiro ganhou apoio público de 32 times O nome do dirigente paulista se tornou o favorito entre as agremiações após uma reunião de membros da Liga do Brasil (Libra) e da Liga Forte União (LFU) neste sábado.

A novidade da chapa de Samir Xaud é a presença de Flávio Zveiter Ele foi pré-candidato à presidência da CBF em 2024, no primeiro afastamento de Ednaldo Rodrigues, e atuou nos bastidores pela aceitação do nome de Xaud como candidato. Zveiter deve atuar como CEO da CBF.

Eleição

A Assembleia Geral Eleitoral está marcada para o dia 25 de maio, com primeira convocação às 10h30, na sede da CBF, no Rio de Janeiro. A comissão eleitoral permitiu a participação de forma remota, já que será um domingo de rodada do Brasileirão.

Entenda a crise na CBF

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro recebeu uma determinação do STF para investigar a possibilidade de a assinatura de Antônio Carlos Nunes de Lima, o coronel Nunes, no acordo que manteve Ednaldo Rodrigues no comando da CBF ter sido falsificada O caso veio à tona na última após uma perícia ser anexada ao processo.

Outro ponto que põe em dúvida a autenticidade da assinatura é o fato de Nunes, de 86 anos, ter informado à Justiça sofrer de um tumor no cérebro e cardiopatia grave. Junto à perícia, foi anexado um laudo apresentado pelo Dr. Jorge Pagura, chefe do Departamento Médico da CBF, em que o profissional indica que Nunes sofre de déficit cognitivo, especialmente após passar por uma intervenção cirúrgica considerada agressiva em 2023.

É citado, ainda, tanto nos pedidos de afastamento, quanto em requerimentos para a presença de Ednaldo Rodrigues no Congresso Nacional, a relação do ministro Gilmar Mendes e a CBF. O ministro, que recebeu o processo por sorteio. É discutido possível conflito de interesses, já que o magistrado é fundador do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), o qual tem parceria comercial milionária para as formações da CBF Academy.

Após o afastamento, Ednaldo Rodrigues entrou com pedido no STF para anulação da decisão do TJ-RJ, por meio da diretoria da própria CBF. Ao mesmo tempo, a entidade convocou a eleição, alvo de um novo pedido, para paralisação, na Suprema Corte, feito por Ednaldo.

A revista piauí aponta relação entre a primeira destituição de Ednaldo, em 2023, e o desembargador do TJ-RJ Luiz Zveiter, pai de Flávio Zveiter, que fazia oposição a Ednaldo. O paralelo também é traçado entre o presidente afastado e Gilmar Mendes. Foi uma reportagem da revista que revelou gastanças e práticas autoritárias na gestão da CBF, o que colocou Gilmar Mendes como alvo de críticas públicas. Segundo apuração do repórter Allan de Abreu, o ministro ficou pressionado e precisou ceder após parlamentares ameaçarem a instalação de CPIs para investigar a confederação.

Em 6 de maio, a CBF se manifestou sobre o assunto por meio de nota oficial. A entidade defendeu a legitimidade do processo e informou que não teve acesso à perícia e que análise está sendo utilizada de maneira midiática e precipitada.

“A CBF enfatiza que todos os atos relacionados ao acordo mencionado foram conduzidos dentro da legalidade e com a participação de representantes devidamente legitimados. O processo foi legítimo e tem acordo homologado, estando pendente de um pedido de vista”, disse a entidade.

Em meio ao anúncio de Carlo Ancelotti como novo técnico da seleção brasileira, movimento considerado nos bastidores como uma vitória política de Ednaldo, o dirigente se tornou alvo de três denúncias na Comissão de Ética da CBF por razões distintas. Entre elas estão denúncias de assédio dentro da entidade, gestão temerária e a própria suspeita de fraude no acordo homologado pela Justiça do Rio.

*Com informações do Estadão Conteúdo
Publicado por Carolina Ferreira

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