
Caio Del Lucchesi Viegas Moreira afirma que a mãe Claudia Maria Affonso Viegas Moreira, de 62 anos, perdeu 70% de visão nos dois olhos. Ela foi diagnosticada com retinopatia diabética (RD), uma complicação da diabetes que afeta a retina e pode levar à cegueira. Músico luta por cirurgia para a mãe que teme perder a visão devido à diabetes
Yuri Milicevic e Arquivo Pessoal
Claudia Maria Affonso Viegas Moreira, de 62 anos, enfrenta a perda progressiva da visão e depende da ajuda do filho para executar ações cotidianas, como andar sem esbarrar em nada. Ao g1, o músico Caio Del Lucchesi Viegas Moreira explicou que luta por uma cirurgia para a mãe pelo Sistema Único de Saúde (SUS) há três anos. O procedimento pode fazer a mulher ter uma vida independente novamente.
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O músico, de 34 anos, contou ao g1 que o pai morreu em 2020 por complicações da Covid-19 e o luto desestabilizou a saúde da mãe dele, que antes conseguia controlar a diabetes e a pressão alta.
Segundo ele, a situação piorou em 2022 após a mulher ter uma infecção no ouvido e receber uma medicação errada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Zona Noroeste, em Santos, no litoral de São Paulo. O filho garantiu que o erro foi comprovado por um outro profissional do mesmo hospital (veja o posicionamento da prefeitura adiante).
Caio explicou que Claudia desenvolveu retinopatia diabética (RD), uma complicação da diabetes que afeta a retina e pode levar à cegueira. “Eu vejo que a minha mãe vê vulto. Ela não consegue enxergar, tem que chegar quase com o rosto na cara dela para ela saber quem é”, afirmou ele.
De acordo com o relato do filho e o encaminhamento da cirurgia, obtido pelo g1, Claudia precisa fazer uma vitrectomia — substituição do humor vítreo [gel que preenche o interior do olho] por outro líquido ou gás. O procedimento promete estabilizar o grau e dar a possibilidade da mulher usar um óculos.
Além de trabalhar como músico, Caio ajuda a mãe há 16 anos na fabricação de salgados. A condição de Claudia tem afetado a renda da família. “A gente está em uma situação extremamente difícil, sofrendo ordem de despejo porque tivemos que parar de trabalhar. Eu tenho que ficar em casa para fazer tudo para a minha mãe, então eu não consigo arranjar um emprego fora”, explicou ele.
Imagem ilustrativa: Retinopatia Diabética pode causar múltiplos pontos de sangramento
Reprodução
Três anos de espera
Ainda segundo o filho, Claudia tenta um tratamento por meio do SUS desde 2022. Ele explicou que durante esse período a mãe foi encaminhada da UPA para o Ambulatório Médico de Especialidades (Ambesp) da Zona Noroeste e, em seguida, para a Ambesp Nelson Teixeira.
Caio afirmou que a mãe tinha 60% da visão dos dois olhos, mas perdeu 10% a cada ano de espera. Como começou o processo há três anos, hoje ela está com 30%, de acordo com o filho. “É sempre empurrando com a barriga até o momento que vai chegar: ‘Olha, ela está cega. Não tem mais o que fazer e fim de papo’. Parece que eles não dão andamento para a cirurgia, para a minha mãe ter uma vida normal, que ela consiga seguir sem ajuda dos outros. É um descaso completo”.
O filho contou que Claudia chegou a ser encaminhada para um anestesista para a realização da cirurgia em 2024, mas o profissional disse que ela estava com um problema no coração. Segundo Caio, a mãe foi em um cardiologista, que a liberou para o procedimento porque não encontrou nada.
Há quase um mês, Claudia teve uma consulta com um oftalmologista para tentar marcar a cirurgia mais uma vez. “O médico vira e fala assim para gente: ‘O olho esquerdo eu não posso mexer mais porque demorou muito, está em uma situação muito complicada’. Eu virei e falei: ‘Mas, doutor. Quem demorou? Se a minha mãe perdeu a vista, se vai perder a vista, quem demorou? Foi eu ou o SUS?”.
O músico tem feito uma campanha nas redes sociais para tentar a cirurgia particular. “O maior presente que eu gostaria de proporcionar para a minha mãe é que ela pudesse voltar a enxergar […]. A cirurgia é importante para ela conseguir parar a doença”, finalizou ele.
Moradora de Santos (SP) teme perder a visão devido à diabetes
Arquivo pessoal e Yuri Milicevic
O que dizem as unidades de saúde?
A Prefeitura de Santos, que é responsável pela UPA e pela Ambesp da Zona Noroeste, informou não estar autorizada a divulgar informações dos prontuários dos pacientes por conta do sigilo médico. “Para melhor apuração dos fatos relatados, sugerimos que a paciente oficialize a manifestação na Ouvidoria Pública Municipal, órgão responsável por apurar ocorrências em equipamentos municipais”.
Também por meio de nota, o Ambesp Nelson Teixeira afirmou que os pacientes com indicação de procedimentos cirúrgicos são submetidos à avaliação clínica de diferentes especialistas, a critério médico e considerando comorbidades ou outras características.
Segundo a unidade de saúde, as consultas solicitadas foram pertinentes, sendo as avaliações agendadas conforme a paciente fez a entrega dos documentos e exames necessários. “Pôde-se observar um atraso de sete meses entre a solicitação e a entrega desses”, garantiu a instituição.
O Ambesp destacou que a paciente segue em acompanhamento, tendo passado em consulta no Ambulatório de Retina em 3 de maio. De acordo com a unidade de saúde e com o filho de Claudia, o retorno está agendado para a próxima terça-feira (27).
Vivendo bem com diabetes
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