
Pelo menos 172 pessoas morreram de cólera em apenas uma semana no Sudão, um país devastado pela guerra, e 2.700 infecções foram registradas no mesmo período, informou o Ministério da Saúde do país nesta terça-feira (27). Do total de casos, 90% foram registados na capital Cartum, onde o fornecimento de água e eletricidade foi severamente interrompido nas últimas semanas devido a ataques de drones, informou o ministério em um comunicado. Também foram registrados casos no sul, centro e norte do país, imerso em uma guerra desde abril de 2023 entre o comandante do Exército, general Abdel Fatah al-Burhan, e seu ex-vice Mohamed Hamdan Daglo, líder das Forças de Apoio Rápido (RSF, paramilitares). A cólera é endêmica no Sudão, mas os surtos se tornaram mais frequentes desde a eclosão do conflito, que devastou as já frágeis infraestruturas de saneamento e saúde.

Os paramilitares lançaram ataques de drones em Cartum neste mês, incluindo em três centrais elétricas, antes de serem expulsos de seus últimos cargos na capital na semana passada. Os bombardeios derrubaram a rede elétrica e, no processo, a rede de água, forçando a população a consumir água não segura, denunciou a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF). A cólera, uma doença diarreica aguda causada pela ingestão de alimentos ou água contaminada, pode matar em poucas horas se não for tratada. No entanto, é facilmente evitável e manejado quando há água limpa, saneamento e atendimento médico disponíveis. A guerra no Sudão, que sofre com a fome, já deixou dezenas de milhares de mortos e deslocou 13 milhões de pessoas.
Publicado por Luisa Cardoso
*Com informações da AFP