SÃO PAULO, 27 MAI (ANSA) – Ninguém tem dúvidas da influência da imigração italiana no Brasil na gastronomia, cultura, arquitetura e em tantos outros setores, mas pouco se fala sobre isto no futebol, “a maior paixão de ambas as nações”. Foi a partir do desejo de “ler um livro que até então nunca tinha sido escrito”, que o jornalista e historiador Fernando Razzo Galuppo se debruçou na construção do “Almanaque da presença italiana no futebol brasileiro”, lançado em maio pela Garoa Livros no Consulado Italiano de São Paulo.
A obra, fruto de mais de duas décadas de pesquisa, oferece um amplo e detalhado panorama de como a Itália se fez – “e ainda se faz” – presente no futebol brasileiro.
De acordo com Galuppo, o livro ganhou o formato de almanaque por se inspirar na tradição das publicações esportivas do início do século 20 ao trazer fotos, estatísticas, curiosidades, depoimentos e histórias pouco conhecidas.
“O lendário Vittorio Pozzo em solo paulistano em 1914”, assim como “Amphilóquio Marques Guarisi, o Filó, primeiro brasileiro a ser campeão do mundo de futebol em 1934 vestindo a camisa da seleção italiana” e “a exibição marcante em São Paulo do poderoso Torino dos anos 1940, antes do trágico acidente de Superga, são algumas das memórias que os nossos antepassados sempre nos transmitiram através da oralidade, mas que ficaram no esquecimento devido à falta da organização desses e tantos outros registros”, exemplifica Galuppo.
Na obra, o autor também revela que a história de times como Palmeiras, Juventus e Savóia, “entre tantos outros”, estão interligadas ao desenvolvimento socioeconômico e cultural do Brasil, que durante a diáspora italiana, do final do século 19 às primeiras décadas seguintes, vivia um período de intensas transformações.
“Ao mesmo tempo que o país recebia imigrantes como Francesco Matarazzo [que criou o maior complexo industrial da América Latina], também chegavam aqui, aos milhares, os que iam trabalhar nas plantações e fábricas. Ou seja: se as maiores empresas italianas da época ajudaram a financiar o surgimento de times de futebol, estes precisavam ser formados por aqueles disponíveis para jogar, os mais pobres”, comentou Galuppo no Consulado Italiano na capital paulista.
Nas palavras do cônsul local, Domenico Fornara, “essa obra celebra não apenas uma tradição esportiva, mas também a capacidade do esporte de unir povos, transmitir valores e construir vínculos duradouros entre as nossas comunidades”.
(ANSA).