Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News
Pelo menos 45 mil pessoas tiveram que fugir de suas casas, em questão de dias, devido a novos combates entre grupos armados e forças de segurança da República Democrática do Congo na província de Kivu do Norte, no leste do país.
Em outras partes como Kivu do Sul, os confrontos no território de Walungu, em 5 de abril, forçaram mais de sete mil a escapar, desde o início de março. Homens armados sequestraram e estupraram duas mulheres no território de Kalehe. Em nota na sexta-feira (11), o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) afirmou que milhares de crianças estão sofrendo violência sexual e que a média é de um estupro a cada meia hora no leste da RD Congo.
Drones, mensagens cifradas e propaganda
A situação humanitária é grave. Faltam água, comida, saneamento e cuidados médicos agravando as condições dos congoleses, que vivem no meio do fogo cruzado.
O leste da RD Congo é alvo de um conflito entre forças do país e rebeldes do M23, um grupo armado apoiado por Ruanda, a nação vizinha.
A Missão da ONU no país, Monusco, é liderada pelo comandante brasileiro Ulisses de Mesquita Gomes. Ele falou ao Conselho de Segurança no início desta semana sobre o conflito e como o M23 e outros grupos armados estão operando.
O general Ulisses de Mesquita Gomes contou que a Monusco observou o uso de drones por grupos armados com mensagens cifradas, coordenação e disseminação de propaganda que reforça um adversário que é imprevisível e difícil de confrontar.

Fake news e desinformação
Ele afirmou que a Monusco está se adaptando às novas ameaças da tecnologia, mas principalmente da desinformação e informações falsas. A Missão da ONU no país africano criou formas de verificar as fake news com treinamento não somente de boinas-azuis militares, mas de outros membros da Missão.
Além do conflito, o leste do país está enfrentando desastres naturais após enchentes deixarem pelo menos 16 mil pessoas desalojadas na província de Tanganyika. Duas pessoas morreram e muitas ficaram feridas desde o início das cheias no fim de março.
Uma outra preocupação da ONU é o aumento dos casos de cólera que persiste no leste da RD Congo com surtos em quatro províncias: Kivu do Norte, Kivu do Sul, Tanganyika e Maniema.
Congoleses fogem para o Uganda
Na quarta-feira, a Agência de Refugiados da ONU, Acnur, informou que uma onda de congoleses que fogem da violência está se abrigando em Uganda. Os civis cruzaram a fronteira no oeste da RD Congo.
Uganda já acolhe mais de 70 mil pessoas do Sudão que escaparam da violência de dois anos de conflito entre paramilitares e o Exército sudanês.
Desde janeiro, mais de 41 mil congoleses chegaram a Uganda em busca de segurança elevando o total de refugiados da RD Congo para 60 mil.
O Acnur informou que Uganda abrigada uma população de refugiados de 1,8 milhão de pessoas.
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