O bombardeio russo à cidade ucraniana de Sumy, que matou 35 pessoas e feriu outras 117 no último domingo (13), foi classificado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, como “um erro” cometido por Moscou. A declaração gerou desconforto na Ucrânia, onde especialistas e autoridades afirmam que o ataque, na verdade, segue um padrão estratégico russo de atacar áreas civis com o objetivo de enfraquecer o apoio da população ao governo ucraniano. As informações são do site Politico.
O uso de mísseis balísticos e munições de fragmentação não é novidade. No início do mês, uma ação semelhante em Kryvyi Rih matou 20 pessoas e deixou 80 feridas. “A Rússia trava uma guerra total contra a Ucrânia”, afirmou Mykola Bielieskov, analista militar do Instituto Nacional de Estudos Estratégicos da Ucrânia. “O objetivo dessa guerra total é forçar os civis a pressionar as autoridades ucranianas para negociar um acordo nos termos da Rússia.”

Internamente, os ataques também alimentam tensões políticas. Após o ataque a Sumy, a deputada opositora Mariana Bezuhla acusou o Exército ucraniano de colocar civis em risco ao organizar uma cerimônia de premiação para soldados na cidade, mesmo sabendo da possibilidade de bombardeios. Os militares que participariam do evento estavam em um abrigo e não se feriram.
O prefeito de Konotop, Artem Semenikhin, também culpou o governo regional por organizar a cerimônia, dizendo que isso serviu como justificativa para o que chamou de “ataque genocida contra nós, ucranianos”.
O Ministério da Defesa russo confirmou o uso de dois mísseis balísticos em Sumy, alegando que mirava uma “reunião do comando militar ucraniano”, onde teria matado 60 soldados. Moscou voltou a acusar Kiev de “usar civis como escudos humanos”.
A jornalista ucraniana Tetiana Troshchynska alertou para o perigo de repetir a narrativa do Kremlin. “É sua culpa, dizem os inimigos. E, se começarmos a culpar também os nossos militares, isso significará que perdemos”, declarou.
Como ataques assim tornaram-se comuns, a presença de tropas em áreas civis vem sendo cada vez mais evitada por medo de novos bombardeios. “A principal razão que ouvi de quem se recusava a nos alugar uma casa era: ‘Um míssil vai cair aqui por sua causa! Não precisamos disso’”, relatou o soldado ucraniano Andrii.
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