Lara Mara, presidente da escola de samba Unidos de Padre Miguel, divulgou um vídeo nas redes sociais nesta quinta-feira (8) relatando a ação da Polícia Civil que resultou na prisão de seu avô, Celso Luís Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, na Zona Oeste do Rio.
Fundador da facção criminosa Amigo dos Amigos (ADA), investigadores revelaram que ele estaria fazendo aliança com o Comando Vermelho (CV) na disputa por comunidades da Zona Oeste, como as de Santa Cruz, atualmente sob influência da milícia.
No vídeo, Lara afirma que agentes da corporação entraram na residência da família violentamente:
“A Polícia entrou na minha casa atirando, agrediram a minha avó, uma mulher de 62 anos que faz tratamento de câncer, agrediram a minha tia, agrediram a gente, meus irmãos dormindo…”, declarou.
A avó é Deise Maria de Souza Rodrigues, conhecida como Deise da Vila Vintém, que também chegou a ser em setembro de 2019. Na época, contra ela havia um mandado de prisão por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. A liberação ocorreu por conta de uma decisão da Justiça.
Ainda segundo Lara, os familiares foram até a Cidade da Polícia, no Jacarezinho, para tentar relatar o que aconteceu, mas não obteve retorno:
“Estou aqui na porta da Cidade da Polícia, e ninguém quer ouvir a gente”, afirmou.
Ela ressaltou que não houve troca de tiros no momento da abordagem.
Versão da Polícia Civil
Durante coletiva de imprensa na Cidade da Polícia, o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, negou os abusos alegados por Lara Mara e afirmou que os policiais agiram diante de forte resistência por parte da família ao cumprimento do mandado judicial:
“Quando os policiais entraram na casa do Celsinho, os familiares dele se agarraram com ele, e os policiais tiveram que interceder para tirar essas pessoas, que estavam impedindo que a polícia cumprisse um mandado de prisão, uma ordem judicial”, afirmou Curi.
“As pessoas foram retiradas, não queriam obedecer, foram usados os meios necessários para afastar essas pessoas que estavam atrapalhando o trabalho policial. E a prisão foi realizada, depois, tranquilamente”, completou.
O delegado Marcos André Buss, titular da 32ª DP (Taquara), responsável pela operação, deu mais detalhes sobre as circunstâncias da entrada na comunidade:
“Ingressamos na comunidade, fomos recebidos a muitos tiros — muitos tiros. Avançamos com muita dificuldade. Nosso objetivo inicial, além da prisão do Celsinho, era conseguir arrecadar aparelhos celulares, eletrônicos”, afirmou Buss.
Segundo ele, a entrada na residência foi necessária e ocorreu em meio a uma situação de alto risco:
“Tamanha foi a intensidade do confronto armado a que fomos submetidos, que fizemos uma operação cirúrgica de extração. Não havia condição de cumprir o mandado tranquilamente.”
“Na porta da casa fomos mais alvejados. Tínhamos, logo na esquina, cerca de 10 elementos armados, monitorados por nós, fazendo a segurança daquela residência”, acrescentou.
O delegado também afirmou que, apesar do confronto, ninguém ficou ferido gravemente, e que apenas um policial teve um ferimento leve no supercílio.
Quanto à apreensão de provas, Buss disse que a equipe não teve condições de permanecer na casa:
“Nós não conseguimos apreender nada. Não tinha condição da gente permanecer dentro daquela casa com aquela guerra que tava instalada ali fora.”
Este conteúdo foi originalmente publicado em Neta de Celsinho da Vila Vintém denuncia agressão da polícia durante prisão no site CNN Brasil.