China anuncia R$ 52 bilhões em crédito para América Latina e Caribe e busca ampliar influência na região

A China prometeu na terça-feira (13) um novo pacote de crédito no valor de 66 bilhões de yuans (R$ 52 bilhões) para países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). O anúncio foi feito pelo presidente Xi Jinping durante a Reunião Ministerial do Fórum China-Celac, realizada em Beijing com a presença de representantes de cerca de 30 países, incluindo o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. As informações são da agência Reuters.

“China e os países da América Latina e do Caribe são membros importantes do Sul Global. Independência é nossa gloriosa tradição, desenvolvimento e revitalização são nosso direito natural, e equidade e justiça são nossa busca comum”, declarou Xi, ao reforçar o interesse de Beijing em ampliar a cooperação com a região.

Além da linha de crédito, Xi afirmou que a China importará mais produtos latino-americanos e incentivará empresas chinesas a aumentarem seus investimentos em infraestrutura. Os líderes também firmaram um plano conjunto de ação com metas de cooperação até 2027. O presidente Lula e o homólogo colombiano Gustavo Petro estiveram entre os convidados.

Encontro de chefes de governo em Beijing, com a presença de Lula e Xi Jinping (Foto: Ricardo Stuckert/PR/Agência Brasil)

Durante o encontro, Xi e Lula assinaram acordos bilaterais envolvendo agricultura, energia nuclear e cooperação técnica. Em 2024, o comércio bilateral entre a China e os países da Celac somou US$ 515 bilhões (R$ 2,65 trilhões), sendo que quase metade desse valor veio do Brasil, maior economia da região.

Mesmo com o avanço das relações, Lula fez um alerta sobre a excessiva dependência em relação a potências estrangeiras. “É importante entender: [o destino da América Latina] não depende de mais ninguém. Não depende do presidente Xi Jinping, não depende dos Estados Unidos, não depende da União Europeia (UE). Depende única e simplesmente de se queremos ser grandes ou continuar a ser pequenos”, afirmou o brasileiro.

Xi também anunciou a futura liberação de viagens sem visto para cinco países da região, sem especificar quais. O fórum ocorre em meio à disputa entre China e Estados Unidos pela influência econômica e diplomática na América Latina — um movimento que envolve também temas como o isolamento de Taiwan, reconhecido oficialmente por sete países da região.

Mais yuans, menos dólares

Apesar do valor expressivo, o novo crédito oferecido por Beijing é menos da metade do montante anunciado no primeiro Fórum China-Celac, em 2015. Ainda assim, analistas avaliam que a linha na moeda pode representar alívio para governos da região, sobretudo por facilitar transações em moeda chinesa em vez do dólar.

“Eles estão fazendo muito mais acordos baseados em yuan como este, particularmente para acordos de swap de crédito que tornam mais fácil para o país mutuário realizar transações em renminbi (nome oficial da moeda chinesa) em vez de dólares”, afirmou Eric Orlander, cofundador do Projeto de Desenvolvimento China-Sul Global.

Mesmo com limitações para países endividados em dólar, a nova iniciativa foi considerada estratégica. “Acredito que é possível argumentar que isso é uma vitória para a América Latina, no sentido de que obter acesso ao capital agora não é tão fácil quanto costumava ser”, disse Orlander.

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