Protesto contra projeto de anistia reúne 6,6 mil pessoas em SP, afirma USP

Protesto contra os projetos de anistia para os acusados de golpe de estado reuniu 6,6 mil pessoas na Avenida Paulista neste domingo, 30, apontam dados do Monitor do Debate Político da ONG More in Common e do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento), órgão vinculado à USP.

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Convocado por movimentos sociais de esquerda, a manifestação contou com a presença do deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP). Em seu discurso, Boulos afirmou que o encontro conseguiu reunir mais pessoas do que outro o último protesto convocado por Jair Bolsonaro.

“Esse ato de hoje, antes de tudo, ele é muito simbólico, porque amanhã completa 61 anos do golpe militar de 64 que instaurou uma ditadura nesse país. E nós estamos aqui defendendo a democracia, defendendo punição aos golpistas 61 anos depois, em memória das vítimas da ditadura, em memória daqueles que sangraram e deram suas vidas para que a gente pudesse estar aqui hoje”, disse Boulos.

Protesto "Sem Anistia" em 30/03/2025

Protesto “Sem Anistia” em 30/03/2025

Segundo os números do Monitor do Debate Político, no entanto, a manifestação de bolsonaristas na Praia de Copacabana em 16 de março reuniu 18,3 mil pessoas em Copacabana. Ao mesmo tempo, outro protesto bolsonarista na Paulista contava com 1,4 mil participantes.

Protestos menores foram registrados em outras cidades como Brasília (DF), Fortaleza (CE), Belo Horizonte (MG), Belém (PA), João Pessoa (PB), Recife (PE), Curitiba (PR), Niterói (RJ), Volta Redonda (RJ) e Rio de Janeiro (RJ).

Adesão aos protestos ‘Sem Anistia’ movimenta redes sociais

Nas redes sociais, perfis vinculados a direita zombaram da menor adesão aos protestos movidos pela esquerda neste final de semana. Houve inclusive notícias falsas disseminadas de que a USP teria inflado os números da manifestação em São Paulo, quando na realidade os dados da instituição mostram uma maior adesão ao encontro bolsonarista.

Os cálculos de público do Monitor do Debate Político são elaborados a partir de uma metologia desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Chequião, na China, e pela empresa Tencent. Um software contabiliza as cabeças de pessoas em fotografias aéreas tiradas nos momentos de pico das manifestações e calcula uma estimativa para o público total.

No caso do protesto da esquerda na Paulista, a margem de erro informada é de 790 pessoas para mais ou para menos. Já nas manifestações bolsonaristas, as margens eram de 2,2 mil em Copacabana e de 167 em São Paulo.

O que é a Anistia em debate nos protestos

A anistia é um dispositivo jurídico previsto no Código Penal brasileiro que pode impedir a punição de um crime ou contravenção. É a chamada extinção de punibilidade.

Mais de um texto sobre a anistia aos participantes do 8 de Janeiro tramitam no Congresso. O projeto de lei 2.858/2022, de autoria do deputado federal Major Vitor Hugo (PL-GO), reuniu outros semelhantes que foram apresentados na Câmara dos Deputados. É o texto mais avançado no Legislativo hoje.

Mais de 1,4 mil pessoas foram presas pelos atos de depredação dos prédios dos Três Poderes. O Ministério Público Federal (MPF) ofereceu denúncias contra 1,7 mil envolvidos.

Até o momento, mais de 430 pessoas foram condenadas por crimes como golpe de Estado, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e dano qualificado ao patrimônio, com penas que variam entre um e 17 anos de detenção.

Mais de 500 outras, denunciadas por crimes considerados menos graves – como incitação ao crime e associação criminosa -, assinaram acordo de não persecução penal como MPF. Na prática, ele evita a continuidade da ação penal e, por consequência, a condenação.

A anistia é também uma esperança de Jair Bolsonaro, que acaba de se tornar reú acusado dos crimes de tentativa de abolição do Estado democrático de direito e golpe de Estado.

O ex-presidente já está impedido de concorrer eleições até 2030 após decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em junho de 2023 considerá-lo culpado por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. As acusações estão relacionadas a uma reunião com embaixadores estrangeiros em 2022 durante a qual o então presidente Jair Bolsonaro buscou descredibilizar o sistema eleitoral brasileiro.

[*com informações do Estadão Conteúdo]

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